A Etnobotânica e a sua importância na ligação entre o uso
empírico e farmacológico das plantas medicinais.
A Etnobotânica é a ciência que investiga as relações intrínsecas entre as
culturas e usos de plantas incidindo, essencialmente, sobre a forma como as
plantas são utilizadas em todas as sociedades humanas (como alimentos,
medicamentos, cosméticos; usos religiosos; como tinturaria, têxteis; em
construção, como ferramentas, moeda, vestuário; na literatura, em rituais e na
vida social). As plantas medicinais ajudam no alivio do sofrimento humano e são
usadas como subsistência, remédios caseiros e como comercio (Kunwar et al.,
2006).
O uso da sabedoria popular na medicina ocorre em todas as comunidades por todo o
mundo (Smitherman et al. 2005). Como resultado da busca continua para achar um
tratamento para as doenças, que são especificas em cada comunidade, tem sido
desenvolvido uma extensa farmacopéia de plantas medicinais (Kiringe 2006). De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) em torno de 80% das pessoas
em todo mundo usam a medicina tradicional nos primeiros cuidados na saúde (WHO
2002). A medicina tradicional tem atingido importância econômica rapidamente, em
países em desenvolvimento é certamente um dos meios de tratamento mais
acessíveis e até mesmo o único tratamento encontrado (Revene et al., 2008).
A natureza tem sido fonte de recursos medicinais por milhares de anos e um
grande numero de compostos medicinais tem sido isolados das plantas. As plantas
produzem uma variedade de moléculas bioativas sendo assim uma fonte importante
de cura, as plantas superiores continuam a ser utilizadas na manutenção da saúde
na maioria das comunidades, mesmo com o advento da moderna medicina (Farombi,
2003).
A demanda mundial por ervas medicinais esta crescendo e o mercado de
fitoterápicos em 1999 foi de 19,4 bilhões de dólares. Muitas drogas têm entrado
no mercado internacional através da exploração da medicina popular. Estima-se
que 25% das drogas prescritas contenham princípios ativos derivados de plantas (Tiwari
& Joshi 1990). É estimado a existência de aproximadamente 400.000 espécies de
plantas vasculares em uso e em torno de um terço é utilizado com propósitos
medicinais (Raven & Crane 2007).
Em torno de 122 compostos, 80% dos quais são usados com os mesmos propósitos
etnobotânicos, são derivados de 94 espécies de plantas (Ajibesin et al., 2008).
Muitos ingredientes ativos têm sido descobertos de plantas baseadas em
informações etnofarmacológicas e patenteados como drogas. Maprouneacina isolado
da planta Maprounnea africana é utilizada como anti-diabética (Carney et al.,
1999), o taxol, obtido do Taxus breviflora, é usado como droga anti-tumoral (Samuelsson
1992) e a artemisinina, descoberta da Artemisia annua, é usada como um potente
composto anti-malarial.
Os métodos etnobotânicos incluem entrevistas com a comunidade em questão sobre
as plantas, partes das plantas utilizadas, formas de uso, etc. Uma seleção é
feita com as plantas de maior interesse para a farmacobotânica, as plantas
utilizadas na medicina tradicional são selecionadas pela população porque são
efetivas contra uma determinada doença.
Referências
Ajibesin, K. K.; Ekpo, B. A.; Bala, D. N.; Essien, E. E.; Adesanya, S. A.
2008. Ethnobotanical survey of Akwa Ibom state of Nigeria. J. Ethnopharmacol.,
115:387-408.
Carney, J. R.; Krenisky, J. M.; Williamson, R. T.; Luo, J.; Carlson, T. J.; Hsu,
V. L.; Moswa, J. L. 1999. Maprouneacin, a new daphnane diterpenoids with potent
antihyperglycaemic activity from Maprounea africana. J. Nat. Prod., 62: 345-347.
Farombi, E. O. 2003. African indigenous plants with chemotherapeutic potentials
and biotechnological approach to the production of bioactive prophylactic agents.
African J. Biotech., 2: 662 – 671.
Kiringe, J. W. 2006. A Survey of Traditional Health Remedies Used by the Maasai
of Southern Kaijiado District, Kenya. Ethnobotany Research & Applications,
4:61-73.
Kunwar, R. M.; Nepal, B. K.; Kshhetri, H.B.; Rai, S.K.; Bussmann, R.W. 2006.
Ethnomedicine in Himalaya: a case study from Dolpa, Humla, Jumla and Mustang
districts of Nepal. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 2:27.
Revene, Z.; Bussmann, R. W.; Sharon, D. 2008. From Sierra to Coast: Tracing the
supply of medicinal plants in Northern Peru – A plant collector’s tale.
Ethnobotany Research & Applications, 6:015-022.
Samuelsson, G. 1992. Sesquiterpenes and diterpenes with pharmacological and
biological activities. Acta Pharm. Fennica, 101:33-34.
Siddhiqui, M. A. A.; John, A. Q.; Paul, T. M. 1995. Status of some important
medicinal and aromatic plants of Kashmir Himalaya. Advances in Plant Sciences,
8:134-139.
Smitherman, L. C.; Janisse, J.; Mathur, A. 2005. The Use of Folk Remedies Among
Children in an Urban Black Community: Remedies for fever, colic, and teething.
Pediatrics 115(3):297-304.
Tiwari, N. N.; Joshi, M. P. 1990. Medicinal plants of Nepal: Volumes I, II &
III. Journal of Nepal Medical Association 28:181-190, 221-232, 266-279.
World Health Organization (WHO). 2002. WHO Traditional Medicine Strategy
2002-2005. World Health Organization, Geneva. HO/EEDM/TRM/2002.11