Importância biológica dos óleos essenciais
Muitas espécies vegetais liberam diversas misturas de compostos voláteis
pertencentes ao metabolismo secundário presentes em folhas, flores e frutos para
a atmosfera. Estes compostos voláteis, são constituídos principalmente de
terpenóides, fenilpropanóides e derivados de ácidos graxos, e representam cerca
de 1% dos metabólitos secundários conhecidos de plantas (Dudareva, et al.,
2004).
Estes compostos voláteis de baixo peso molecular pertencem a diferentes grupos
funcionais (hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas, éteres e ésteres) e
desempenham um papel vital no ciclo de vida das plantas proporcionando uma
maneira para que as plantas interajam com o ambiente ao seu redor. Emitindo
compostos voláteis de flores e frutos (aromas e sabores), as plantas produzem
pistas químicas para animais, polinizadores e disseminadores de sementes,
garantindo assim a reprodução das plantas e o sucesso evolutivo (Reinhard et
al., 2004; Pichersky e Gershenzon, 2002).
Os compostos voláteis emitidos a partir de tecidos vegetativos, como parte do
sistema de defesa da planta, pode diretamente repelir microrganismos e animais
ou atrair predadores naturais que atacam os herbívoros, protegendo indiretamente
a planta através de interações tritróficas. Ao liberar voláteis de sinalização,
uma planta pode reduzir o número de herbívoros em mais de 90% (Kessler e Baldwin,
2001) e também alertar plantas adjacentes sobre o ataque de patógenos (Engelberth
et al., 2004). Voláteis emitidos pelas raízes podem contribuir para sistema de
defesa abaixo da superfície, os voláteis emitidos podem agir como
anti-microbianos e produzir substâncias contra herbívoros ou apresentar
atividades alelopática que aumentem a competitividade no ambiente (Steeghs et
al., 2004; Chen et al., 2004).
A maior parte das espécies que produzem óleos essenciais são angiospermas
eudicotiledôneas, principalmente pertencentes às famílias Asteraceae, Laminaceae,
Lauraceae, Myrtaceae, Rutaceae, Myristicaceae e Apiaceae (Alonso, 1998; Lavabre,
1997; Simões e Spitzer, 2004). Os óleos essenciais podem ocorrer em estruturas
especializadas, como células parenquimáticas diferenciadas (Lauraceae, Myrtaceae,
Piperaceae, Poaceae), em tricomas glandulares (Lamiaceae) ou canais oleíferos (Apiaceae
e Asteraceae). Podem também ser estocados em certos órgãos como flores (como na
rosa), folhas (louro, melissa e eucalipto), cascas do caule (canela), madeira
(pau-rosa), rizomas (gengibre), frutos (anis-estrelado) ou sementes
(noz-moscada). Sua função envolve sinais de comunicação química no reino vegetal
e atuam como armas de defesa química contra o reino animal.
Na natureza, óleos essenciais desempenham um papel importante na proteção das
plantas como agentes antibacterianos, antivirais, antifúngicos, inseticidas e
também contra herbívoros, reduzindo seu apetite para tais plantas (Bakkali et
al., 2008).